vida um percurso de aprendizagem

Ontem, uma assessora me falou: — Antes dessa quarentena, eu já gostava da escola! Mas, somente agora é que estou vendo quanta falta fazem os professores… São as pessoas mais importantes para a educação de meus filhos… Deveriam ser os profissionais mais bem pagos…

Se, de um lado, estar afastados da escola nos ajuda a perceber o quanto ela é necessária na empreitada educacional, de outro, o distanciamento da família revela para a escola como é decisiva a participação de pais no trabalho educacional. Podemos avançar nessa reflexão e nos questionar onde ficam nossos filhos e nossos estudantes na hora de pensar e propor percursos de aprendizagem.

Normalmente, as aves alimentam os filhotes no ninho até que estes consigam voar por conta própria e ir atrás do que comer. Coisa parecida fazem os animais que, no começo, dão de mamar para as crias, trazem comida, na espera paciente de que os bichinhos saiam das tocas e cuidem de viver. A palavra aluno (aquele que precisa ser alimentado) pode nos inspirar: ela nos deixa perceber a diferença, a sutil diferença, entre “dar o peixe e ensinar a pescar”.

Esse modo de fazer dos animais elucida o que vem a ser um percurso de aprendizagem: uma série de ações repetidas e feitas com uma determinada finalidade. O encadeamento dessas ações configura o percurso, o processo ou a andança em busca de um endereço. Em geral, um percurso de aprendizagem é discutido com aqueles que pretendem cumpri-lo; por vezes, ele precisa ser desenhado pelo adulto que, teoricamente, enxerga mais longe.

Desenvolvido como método de treinamento que permite ao indivíduo ultrapassar obstáculos e deslocar-se de um ponto a outro, de forma rápida, eficiente e segura, utilizando somente as habilidades e capacidades do corpo humano, Le Parkour traz elementos que nos possibilitam clarear um percurso de aprendizagem. É um percurso flexível, que exige repetidos treinos e busca superar limites. O iniciante precisa ser acompanhado por um adulto que cria espaços, propõe desafios e orienta o movimento. Cabe ao parkourista cumprir o percurso; ao adulto compete observar os movimentos do parkourista, avaliar seu desempenho, tendo em vista melhor agilidade e superação de limites.

O Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento (Sociedade Brasileira de Pediatria) sugere que, em tempo de pandemia, os pais realizem “o planejamento de agenda dos filhos, juntamente com eles, incentivando-os a organizar horários equilibrados para manter as atividades de brincadeiras, estudo, leitura, música, atividade física, sono e tempo de tela, respeitando os limites da rotina saudável, além dos intervalos de ócio criativo para que a própria criança faça reflexões e brincadeiras que irão ajudá-la a superar esse momento”.

Baseada em pesquisas da Neurociências e de publicações científicas recentes, essa é uma boa dica para pensarmos em percursos de aprendizagem, fazer nosso parkour doméstico, roteiros de ações que têm como finalidade a incorporação de capacidades e competências, necessárias ao desenvolvimento de uma vida saudável.

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores!

Se não houver flores, valeu a sombra das folhas!

Se não houver folhas, valeu a intenção da semente!

(Henfil)

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