uma viagem chamada apredizagem

Um de meus assessores tem a Coleção: Música Clássica para Crianças, publicada pela Editora Folha. Cada um dos 20 livrinhos tem 32 páginas, nas quais se conta um pouco da história de um músico clássico; acompanha um CD com algumas de suas composições. Apaixonado por música, ele já leu todos os livretos e ouviu os respectivos CDs, milhares de vezes.

Na semana passada, sem querer, ouvi esse meu ajudante perguntando:

– Mamãe, quando a gente morre, a gente vira CD?

A mãe, entretida em conversa animada pelo WhatsApp e, mais atenta à amiga que aparecia na tela, deixou a resposta para depois.

Nessa pergunta, podemos pendurar algumas considerações, tanto sobre os muitos textos que encontramos ao longo da vida, escritos por outros, quanto a respeito dos inúmeros textos que vamos compondo, participantes que somos do infindável mundo humano.

A palavra texto lembra aquilo que é tecido, elaborado, construído. Sob essa perspectiva, texto é toda obra humana, ideia que podemos estender a tudo o que percebemos. As obras humanas são meios ou formas de nos comunicarmos com o universo onde moramos. Assim, no começo de nossa onda de comunicação, está a leitura de textos e, no final, a feitura de textos. Enquanto a leitura melhora nossa teoria e ilumina a estrada, a prática nos coloca a construir textos e, assim, “fazer o caminho, feito ao caminhar”. Em outros termos, à medida que ler abre horizontes, alimenta a esperança e nos faz caminhar, escrever nos põe a andar e a fazer nosso próprio caminho: de leitores, nos tornamos autores.

De modo simplificado, um neurônio se assemelha a uma árvore: tem raízes (os dendritos), tronco (o axônio) e ramos (os terminais sinápticos). As raízes mergulham na terra em busca de nutrientes; os dendritos funcionam como sensores, captadores de dados: são parecidos com nossos sentidos que percebem os muitos dados do mundo onde moramos.

O tronco vai transformando os nutrientes em seiva, vira corrente que empurra as células; estas, portadoras de informações, se expandem em galhos, folhas, flores e frutos. O axônio funciona como processador de dados e os transforma em informações, uma corrente de elétrons, impulsores do agir: fazem brotar nossas obras e construções — casas, plantações, festas, esportes, discos, filmes, CDs, livros, tecnologias, … , — formam nossa cultura, que transforma em prática nosso modo de pensar, nossa teoria.

Aos terminais de um neurônio ligam-se milhares de outros neurônios: são cerca de cem bilhões de neurônios no cérebro humano. Funcionam em rede que anima um pedaço de corpo e, por isso, é capaz de pensar. Apesar de pequeno, o cérebro pode carregar bilhões de ideias e mover o artesão a infinitas ações.

Depois dessa viagem pelos neurônios, podemos pousar! Nossa aprendizagem acontece durante a vida toda.. Nossas grandes ferramentas para a aprendizagem são o ler (uma leitura de mundo) e o escrever (uma escrita da história desse misterioso sapiens). Precisamos aprender a ler tudo o que nos cerca e todos com quem vivemos: o corpo, a casa, o outro, o carro, a cidade, a internet, os meios de comunicação, o clube, as tecnologias, … Precisamos aprender a escrever inúmeros textos: cuidado da casa e do outro; fazer textos escritos ou falados; brincar e trabalhar, … São nossas pequenas ou grandes obras que nos tornam imortais!

“As pessoas não morrem, ficam encantadas… a gente morre é para provar que viveu!” (João Guimarães Rosa)

Se você Gostou, Compartilhe!

Iniciar Conversa
1
Você tem 1 mensagem não lida
Olá, estamos aqui para te ajudar. Inicie uma conversa conosco.