HORA DE IR PARA CASA COM OS FILHOS PARTE 03

Um novo jeito de estar junto

– O que você gosta mais de fazer durante a quarentena? — perguntei em uma das consultas diárias que faço a meus assessores.

– É de jogar no celular! — respondeu-me um deles.

Ao longo da conversa, descobri que “jogar no celular”, quando feito com um colega conectado, traz a sensação de presença, um novo jeito de estar junto, trazido pelas novas tecnologias de comunicação.

Diferentemente da comunicação linear, ela acontece em rede!

Como nossos filhos e estudantes manejam com muito mais desenvoltura os muitos aplicativos disponibilizados, parece sensato pedir a opinião deles sobre seu uso.

Uma primeira lição que, certamente, nos ensinarão é que existem dois tipos de presença: um que chamamos de presença virtual e outro que dizemos ser presença física.

Vai sobrar, para nós, a pergunta sobre qual delas é mais importante. Para eles, os dois modos de estar presentes são importantes e, além disso, a nova geração não abre mão de nenhum deles.

Tal percepção bate à porta da escola, quando esta pensa em Educação à Distância (EAD), tomada muitas vezes como ensino à distância ou, segundo críticas recorrentes, distância da educação.

Sacudidas pela Covid-19, famílias e escolas andam ainda meio perdidas.

Uma parada para vermos onde estamos e para onde queremos ir nos tira da zona de conforto e questiona nossas certezas, mas é essencial na busca solidária de pistas: precisamos redefinir o significado de estar presente, descobrir que funcionamos em rede e pensar em um bom jeito de navegar neste novo mar de informações.

Na andança da evolução, a capacidade de pensar brota como distintivo de uma nova forma de vida: surge o homo sapiens, o ser vivente capaz de falar.

Cabe a ele, fundado na consciência e na reflexão, ser a voz do poder e da ternura, ser o cuidado masculino e feminino da vida em cada uma de suas infinitas manifestações.

Somos membros, junto com tantos outros, de uma comunidade vivente, moradora na imensa comunidade universal e planetária.

Pode ser esse o perfil da pessoa que família e escola pretendem educar. Ele aponta a direção, articula todas as ações, dá sentido a todo processo de aprendizagem e garante a igualdade essencial da vida: aprender é viver ou viver é aprender.

Guiadas por esse perfil, famílias e escolas são capazes de reinventar uma nova educação, ancorada no hoje, porque o deixar para amanhã costuma cair no vazio.

Para estabelecermos as ações que pretendemos desenvolver, podemos descrever quais são as competências e capacidades que deve ter a pessoa que pretendemos educar.

Assim, por exemplo, queremos formar alguém capaz de ler e escrever; queremos alguém que saiba pensar e tomar decisões; queremos formar alguém capaz de cuidar e de conviver.

Tais competências nos ajudam a desenhar o perfil de quem nos propomos formar. Por sua vez, esse desenho nos auxilia no traçado de um percurso de aprendizagem.

“Com o tempo, você aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens: poucas coisas são tão frustrantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso!” (W. Shakespeare)

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