– O que você gosta menos de fazer durante a quarentena? — perguntei ontem, na consulta diária que faço a meus assessores.
– É de estudar! — respondeu-me, de imediato, um deles.
Ao longo da conversa, descobri que “não gostar de estudar” queria dizer “não gostar de fazer as tarefas passadas pela escola”: são muito longas, repetitivas e cansativas.
Nestes dias de isolamento social, somos encorajados a descobrir o maravilhoso mundo da internet, que nos abre novas oportunidades de lidar com o conhecimento.
Se alguns anos atrás dispúnhamos de enciclopédias (Muitos de nós usamos a Barsa!) para fazer nossas consultas escolares, temos hoje um mar de informações ao alcance dos dedos.
Tais tecnologias nos fazem repensar o que famílias e escolas precisamos fazer, que papel nos é reservado nesse admirável mundo novo.
Não precisamos recuar muito no tempo para perceber que à escola competia transmitir conteúdos e que cabia à família cuidar para que os filhos cumprissem os deveres escolares.
O professor era mesmo um depósito de conhecimento, restando para o aluno assistir aula. Tínhamos até a ideia de que, ao ato de ensinar, correspondia o de aprender.
Ao ir para a escola, levávamos nossos pequenos baldes para os encher na fonte do saber. A Covid-19 detonou essa fortaleza de certezas!
Seria muito bom se ficássemos somente na equivocada ideia de que à escola cabe ensinar e, com isso, cabe a ela educar!
Está ainda presente em nossa memória o incontável número de sistemas de ensino, apelidados de sistemas de educação.
A Covid-19, invisível veneno, vem nos alertar que a finalidade da escola é educar e não simplesmente ensinar.
Joga à nossa frente que o ensino só tem sentido como ação para educar!
Com isso, lança, para professores e alunos, o desafio de trocar o dar e assistir aula pelo fazer aula.
Quando nos fixamos no conceito de escola como instituição de ensino, defendemos — de modo inconsciente, por certo, — que o mundo atual necessita de cabeças cheias.
Para isso, não precisamos nem de escola e nem de professores; as tecnologias da informação são muito mais eficientes na transmissão de conteúdo: são ótimas instrutoras, podem ser desligadas se estiverem falando demais e não se cansam de repetir quantas vezes forem necessárias.
Por outro lado, se pensamos na escola como espaço educativo, estamos defendendo que, hoje em dia, precisamos de cabeças bem feitas: a escola vira um local onde se aprende a viver, ou melhor, a conviver.
Sob essa perspectiva, a escola é uma das grandes parceiras da família na missão vital de educar, algo que exige experimentar.
Desse modo, caminhamos juntos “no sentido da seta do tempo que se rege pela lei mais universal existente: a solidariedade cósmica”.
“É na escola que a gente aprende,a contar, a criar, a crescer.
É na escola que nasce o desejo, de pensar, de tudo saber…
É na escola que tudo começa. Lá se aprende a viver!
Na escola que a gente entende, o sentido de ser.
É na escola que nasce a amizade,na escola se aprende o valor,
de um amigo, de um companheiro, na paixão, na saudade, na dor.”