E a quarentena nos trouxe a feliz necessidade de estar com os filhos, de voltar a escutar o que nos têm a dizer e de com eles aprender as lições da casa, nossa primeira e principal escola, onde estão nossos melhores mestres.
É uma boa oportunidade para que a família invista no sentimento de fazer parte e cultive o gosto de gostar e ser gostado.
São sensações que adubam o crescimento e garantem o desenvolvimento de qualquer pessoa.
A descoberta do fazer parte e da certeza de gostar e ser gostado pode acontecer nas pequenas e múltiplas ações do dia a dia.
Somos capazes, em particular nossos filhos, de extrair, de modo autônomo, significados de nossas experiências cotidianas.
Isso é processado por meio de atos mentais que envolvem planejamento, coordenação de ideias e abstrações.
Ir para casa com os filhos é um tempo adequado que nos permite ampliar as possibilidades de inventar e descobrir.
O sentimento de fazer parte pode ser aprendido no cuidado com o que temos dentro de casa.
Cuidar de nossas coisas, organizá-las, mantê-las limpas; cuidar de algum objeto, de alguma planta ou animal; cuidar do material escolar, de nossos instrumentos de trabalho.
O cuidado vai nos ensinando o valor do que está à nossa disposição e, com isso, aprendemos a gostar, a criar vínculos, a ir percebendo a magia do que nos cerca e começar a ficar admirados.
O sentimento de fazer parte pode ser incorporado por meio do cuidado que temos no relacionamento com aqueles que estão junto conosco.
São as pessoas mais importantes que temos na vida e sempre serão nosso porto seguro: mistura de momentos alegres, de horas de incertezas, de questionamentos.
É exercício do saber escutar e do aprender a ceder: a familiar conversa dos que abrem portas para serem visitados e estendem pontes que ajudam nas travessias.
A certeza de fazer parte pode ser conferida quando nos reunimos em volta da mesa, dividimos o alimento, retrato fiel de nossa ligação com a Terra.
É o cuidado com o corpo, feito dos sentidos que nos permitem entrar em contato com o espaço onde vivemos.
É ele que carrega o nosso cérebro, comandante de nosso jeito de agir: precisamos ter um corpo sadio e uma cabeça bem feita.
Aprender a cuidar do corpo nos leva a gostar de nós mesmos e a gostar dos outros, e nos possibilita aprender que somos indivíduos de natureza relacional: somos seres políticos, convidados a conviver em grupos e a construir um mundo onde é muito bom viver.
A certeza de fazer parte, de gostar e ser gostado está no cantar o “viver e não ter a vergonha de ser feliz” porque “a vida é bonita, é bonita e é bonita”, sem nunca precisar mudar o disco!
Vamos vivendo
As nossas vidas alegremente
Cada segundo pode ser grande
E de repente
Segunda-feira é como o sábado
O nosso mundo é mesmo mágico
Vivendo juntos!
(Juntos — Turma do Balão Mágico)